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Os 12 Titãs

Abril, 2016.

Ele estava completamente vestido de negro, exatamente atrás da letra H de Hollywood, aguardava ela protegendo-se da chuva com um guarda-chuva também de cor negra, que o mantinha estranhamente seco. Ela veio. Nunca havia deixado-o na mão antes.

— Demorei? — Falou com um sorriso sádico na face.

— Sempre pontual. — Ele disse.

Hades havia marcado o encontro com sua filha a exatamente uma semana e agora que ela estava ali seu estômago dava voltas de ansiedade. O que estavam prestes a fazer mudaria o mundo, e, talvez, nunca mais as coisas voltassem a ser como era antes. Ele segurou o cotovelo da jovem e a conduziu por um túnel que se abriu na terra com a aproximação dos dois.

Percorreram umas espécie de caverna até chegar em uma sala completamente negra, repleta de velas com chamas de tom anil. No centro havia uma poltrona vermelha, cor de sangue. O deus fez um gesto para a jovem sentar-se na cadeira, e, quando o fez, correntes prateadas envolveram seus pulsos, tornozelos e pescoço.

— Espero que isso funcione, pai. — Ela falou, agora com um pouco de arrependimento.

— Vai.

Hades encaminhou-se para trás de uma espécie de rocha onde continham doze pedras de cores aleatórias, que, nada mais eram que as fontes dos poderes dos antigos titãs, que, com ajuda de Lissa, Orion e Asteris, ele havia conseguido. O deus posicionou suas mãos em cima das pedras que continham os poderes de Atlas, Kronos, Nyx, Hemera, Erebo, Mnemosine, Kairos, Teia, Céos, Nathos Caos e Gaia e recitou algumas palavras em um idioma que não era o grego antigo. Em pouco tempo um feixe de luz envolveu as mãos do deus e ele direcionou as palmas na direção da filha, que, estava o olhando assustada.

Um clarão invadiu a sala apagando todas as velas e um grito de dor preencheu o silêncio que antes ali se instalava. Por um segundo, que parecia ser uma eternidade, tudo ficou daquele modo: claro e ruidoso, mas, aos poucos, tudo foi voltando a escuridão habitual de sempre. A jovem, antes pálida de cabelos e olhos negros, agora estava com a pele firme e maciça, seus cabelos estavam prateados e os olhos oscilavam num misto de cores que não dava para saber ao certo.

— Hoje nasce uma nova deus. Seu nome é Arissa.

A jovem olhou para ele e então se soube: o mundo que existira antes não seria o mesmo. Nem para os deuses, nem para os humanos ou semideuses. E só quem sabia da verdade eram os dois presentes naquela sala. Ou ao menos era isso que sabiam.

***

Arissa olhava atentamente para a bola de cristal tamanho família que havia à sua frente. A deusa, que havia sido formada por uma das partes de Chronos — só os deuses sabem quem a gerou, e como a gerou —, apenas encarava os acontecimentos, torcendo por alguns, festejando a morte de outros, mas o mais importante: sem se intrometer.

A foice dourada do titã era girada nas pequenas, mas muito hábeis mãos. Aquilo sim era um presente de quem a havia gerado.

Com as íris violetas brilhando de excitação, a mais nova deusa acompanhava a guerra contra Lissa, a morte de Emma, a dominação da Tríplice, a queda dos Olimpianos. A dominação do Acampamento Meio-Sangue. Arissa soltou um suspiro.

Avançou no tempo. Dois anos após a queda do Olimpo, logo ao nascer. Apesar da deusa da loucura estar dominando tudo, uma época de paz havia se instalado. Lissa queria apenas guerra contra os Olimpianos e, ao derrotá-los e subjugá-los, não se moveu mais. Os seguidores da Tríplice apenas faziam os seguidores olimpianos de prisioneiros, acabando com suas esperanças de que podiam vencer.

Mas não era o bastante. Arissa não queria apenas isso.

— Uma nova chance. Uma chance de revidar. Ou de serem destruídos de uma vez por todas. — a voz doce soou de forma psicótica na caverna escura. Um som monstruoso tomou conta do lugar onde se encontrava, sendo impossível distinguir por ouvidos mortais. Mas a deusa entendeu muito bem. — É claro que sim, meu senhor. Tudo vai sair conforme o planejado...


Com um aceno ela fez com que os acontecimentos sobre a Grande Guerra fossem apagados das memórias de todos os envolvidos. Não podia fazer nada sobre os mortos, era verdade. Mas as memórias dos vivos foram todas apagadas. Os semideuses não se lembrariam de nada, como se aquilo nunca tivesse acontecido. Claro que ficaria um branco inexplicável em suas mentes, mas aquilo era mera consequência.


Quanto à Lissa... Bom, essa não tinha mais jeito. Ela já estava à solta, e provavelmente continuaria 'tocando o terror' no mundo até se dar conta do acontecido. E, quando isso acontecesse, poderia ser tarde demais.

Mas eles não contavam com um detalhe: o sangue.
***

Elijah acordou naquele dia com dor de cabeça, lembrava-se da sua irmã ter sido perfurada por uma lança e sorriu ao lembrar da face dela ao morrer. Claramente uma filha de Ares. Queria ter a mesma coragem que ela, mas, seus pais distintos os faziam ser totalmente diferentes.

O jovem tomou uma ducha e saiu de seu chalé. Estava acostumado com os olhares estranhos em sua direção, eram extremamente constantes. Há aproximadamente uma semana todos, sem nenhuma exceção, haviam esquecido de tudo o que havia acontecido nos últimos dois anos. Era algo inexplicável, até ele mesmo começava a questionar sua sanidade, mas, de alguma forma sabia que não havia criado uma irmã em sonhos, e, muito menos, tê-la matado neles.

A única que parecia lhe dar ouvidos era uma filha de Poseidon. Dzsenifer. Ela o prometera ajudar na busca pelas verdades, a garota acreditava em vidas passadas e afirmara que talvez fosse seu antigo eu querendo lhe dar um aviso sobre um assunto inacabado.

Elijah preferia acreditar que todos haviam tido amnésia a acreditar em algo tão absurdo como o que a jovem dizia. No entanto, se era uma forma de encontrar a verdade dentro de si mesmo, ele tentaria.

Emma não seria esquecida. Ele tinha certeza que ela existira e, se em vida ela não desistiu dele, ele também não desistiria dela.

the haunter hills